VESTÍGIOS DE MEMÓRIA

A incessante busca pelo progresso nas grandes cidades acaba ofuscando a memória e identidade de suas sociedades. Em Joinville, como em muitos outros centros urbanos, a especulação imobiliária sobrepõe-se às lembranças.

O tombamento de imóveis históricos surge como uma tentativa de preservar essa memória, mas a realidade, muitas vezes, caminha na direção contrária: casas com décadas de história sendo deixadas à mercê do tempo, imóveis abandonados que, após anos de desuso, tornam-se abrigo para os que não têm um lar. Em muitos casos, eles são consumidos por incêndios ou ruem pela falta de manutenção.

As imagens, de aura fantasmagórica e assombrosa, foram impressas em bandeiras e expostas em imóveis tombados de Joinville que se encontram em ruínas. São quatro intervenções artísticas localizadas nos seguintes locais: Av. Coronel Procópio Gomes, 934 (a obra foi retirada logo após ser exposta, a pedido da vigilância do imóvel); Rua Rio Branco, 105 (imóvel recentemente consumido por um incêndio); Rua Visconde de Taunay, 288 (há anos encontrasse em ruínas, apoiado por estacas de madeira); e Rua XV de Novembro, 1383, na Cidadela Cultural Antárctica. Este último abriga, há anos, a Associação de Artistas Plásticos de Joinville (AAPLAJ) e a Associação Joinvilense de Teatro (AJOTE), mas seu prédio principal foi gravemente danificado por um incêndio em 2021 e permanece em ruínas, aguardando uma revitalização.

Com esta série, Leandro convida o espectador a refletir sobre o abandono da memória urbana e o descaso com o patrimônio histórico da cidade, trazendo à luz o que está sendo lentamente esquecido.